Ash vs Evil Dead

eds1_liveaction_wallpaper_widescreenTrash Revival. Com o perdão do trocadilho, mas reviver a franquia Evil Dead nunca foi uma tarefa simples de ser executada, até porque seu histórico é composto por três produções sequenciais, uma peça teatral, um spin-off, um remake moderno e outro filme com um “quê” de pseudo-continuação. Mas o criador Sam Raimi resolveu não somente trazer a tona um ícone do cinema gore, mas desenvolvê-lo em formato de série. Bancado pelo canal americano Starz, a série tem produção executiva de Raimi, além de participação no roteiro e no comando do episódio piloto, talvez por isso o conceito reside inabalado no seriado. O protagonista é Ashley ‘Ash’ J. Williams (Bruce Campbell), cuja vida tem sido pacata mesmo após os eventos desencadeados a 30 anos com a descoberta da cabana e o famigerado Necronomicon. Após uma noitada servida com muita maconha, Ash comete a loucura de reabrir o livro dos mortos com a suposta desculpa de ler um poema para sua garota, entretanto, o recital serviu para chamar alguns seres muito mal intencionados. Ciente do tamanho da bagunça que ele causou, Ash sai em busca de informações sobre como encerrar as ações do bendito livro, o que dará espaço para a chegada de novos personagens e muitas informações que não foram detalhadas nos filmes. Os dois primeiros personagens a surgirem são Pablo Simon Bolivar (Ray Santiago), um colega de trabalho do protagonista; e Kelly Maxwell (Dana DeLorenzo), interesse romântico do Pablo. As coincidências que aproximam o grupo já deixa bem claro o humor trash que teremos ao longo dos 10 episódios, pois litros de sangue e muitas situações bizarras surgem já no primeiro episódio. Uma interessante decisão dos produtores, visando abrir caminho para a série, está no fato de justificar sua existência, descrevendo como os eventos inciais surgiram usando flashs dos filmes originais, isso coloca a produção em um nível ainda mais assertivo, uma vez que agrega conteúdo para os novatos e agrada os mais nostálgicos. Além desse exemplo, os roteiristas também desenvolvem um contexto, não muito complexo, sobre a criação do Necronomicon, o que deixa o universo da franquia ainda mais rico e divertido, pois pondera razoavelmente sobre seus elementos clássicos. Temos também o retorno de dois elementos que tornaram Ash tão icônico: a moto serra e a espingarda cano duplo carinhosamente chamada de boomstick. Tais armas se juntam a mão mecânica criada para facilitar a vida de Ash, este último exclusivo da série. Em suma, essas serão as ferramentas usadas pelo protagonista para limpar a terra dos malvados Deadites, os vilões vindos do inferno na mitologia de Evil Dead… e por falar em protagonista, não é possível pensar na franquia sem citar Bruce Campbell que é a imagem irresoluta do canastrão. Na série ele está mais brincalhão e ácido, reflexo notável do tempo que se passou desde a primeira experiência na cabana em que perde alguém importante. O cara faz piadas, caretas, olhares e tudo o mais que causam risos sem qualquer esforço do ator; há diversas situações em que ele satiriza a própria série e seus personagens, brincando com a aparência deles e o que poderia tê-los deixado de tal forma, sua naturalidade é impagável. Claro que Evil Dead só pode ser assim chamada caso tenha o terror e o trash em grande escala e nos dez episódios isso não falta. Cabeças cortadas ou explodindo, desmembramentos, estocadas com armas brancas ou pedaços de madeira, corpos explodindo ou sendo alvejados por objetos arremessados e tudo o que a criatividade dos produtores permitiu; tem até um casal fumando um baseado no cano de uma espingarda carregada, antológico. Há inclusive uma passagem que faz homenagem ao clássico original. Humor de primeira, terror na medida e gore ao extremo são os ingredientes que servem de preparo para esta ótima primeira temporada de ASH VS. EVIL DEAD. Possui uma narrativa pitoresca como se espera, mas pontuada com uma linearidade criativa que usa e abusa de bons recursos de fotografia e edição, até mesmo os efeitos especiais são nitidamente bem feitos em alguns momentos e em outros bem cafona para jamais destoar da diversão a que se propõe.

Trailers da primeira e segunda temporada